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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Céu estrelado


Sempre tive esse medo. Acordar em um quarto sozinha após um pesadelo e não ter alguém para recorrer. Acreditar que aqueles monstros eram verdadeiros e que eles sairiam debaixo da minha cama e me arrastariam para o mundo das trevas...

Era assim que eu via tudo. Via o mundo dos bruxos e da escuridão. Um local onde várias pessoas com cetros gigantescos e bolas de energia negra nas mãos me diriam que eu teria que me juntar a eles ou sugariam minha alma. Quando eu era criança, tinha minha mãe para me confortar, mas isso mudou quando cresci e, principalmente, quando perdi a memória... Os pesadelos e o medo do escuro, no entanto, eram os mesmos da infância.

Naquele dia eu acordei tremendo e sufocando. Mais uma vez. Mais uma vez com pesadelos. Eu já não aguentava mais.

Saí de meu quarto, andei pelo corredor e olhei para o teto. Estava escuro. Eu queria bater no quarto de Seth, correr para perto dele, abraça-lo e esconder-me em seus braços. Queria ficar para sempre ao seu lado. Somente ele conseguia afastar todas as ansiedades e preocupações. Era mais que meu remédio, era meu eterno melhor amigo, irmão e protetor...

Talvez no fundo do meu coração eu já soubesse que era muito mais do que apenas isso. Passei pela porta de seu ateliê e notei uma silhueta na varanda, observando a lua crescente no céu. Eu sabia que Seth odiava a lua, portanto era tão engraçado vê-lo quieto olhando para ela...!

- Você está bem? – perguntei.

Seth deu um salto e olhou para trás, assustado. Provavelmente não ouvira meus passos no corredor e jamais imaginara que eu poderia acordar e ir até ele.

- O que você está fazendo acordada?

- Você não respondeu minha pergunta.

Ele se virou de frente para mim. Percebi mais ou menos sua expressão, apesar de ser difícil ainda naquele escuro.

- Acenda a luz.

Ele estava desconversando de novo. Era melhor deixar quieto.

Apertei o interruptor e o quarto se encheu de luz, iluminando todos os seus quadros maravilhosos e também o seu rosto sério na varanda. Ele não abriu um sorriso para mim, continuou sério, observando-me. Quando nossos olhos se encontraram ele desviou para um ponto fixo atrás de mim.

- Então? Porque acordou? – perguntou finalmente, quando cheguei mais perto.

- Outro pesadelo.

- Tem certeza de que está tudo bem em dormir sozinha? Já é o terceiro que você me fala.

- Eu sei... – disse a ele, observando o luar.

Ele me observou por um tempo. Quando olhei de volta, voltou a se apoiar na divisória da varanda e olhar para o céu. As luzes das estrelas estavam espetaculares. Resolvi fazer o mesmo que ele e respirar fundo enquanto via o espetáculo de cores. Os monstros do pesadelo, ou melhor, o monstro, já começava a ir embora só por estar em sua presença e poder olhar para tão maravilhosa paisagem.

- Isso acalma tanto – eu disse a ele.

- Por incrível que pareça, algo no céu noturno também me acalma de vez em quando. Essas estrelas são muito bonitas. Eu adoraria pintá-las.

- Nunca vi você pintando o céu noturno – falei com sinceridade.

- Eu sei – ele abriu um sorriso. – Mas hoje ele parece mais bonito.

- Por isso estava observando tão atentamente?

Ele riu e não me respondeu. Tentei tomar aquilo como um sim, porque seu silêncio me provou que ele não diria muito mais do que aquilo.

- Sinto-me solitárias às vezes com esses seus trabalhos de ficar indo e vindo pela floresta.

- Desculpe-me. Tenho que fazê-lo.

- Ainda sinto sua falta.

- Desculpe.

- Pelo menos podemos ficar este tempo juntos.

- É... – disse ele mais uma vez bem curto com as palavras. Eu não gostava quando ele fazia aquilo. Queria dizer que Seth estava escondendo uma centena de pensamentos e sentimentos.

- Fale mais alguma coisa! – exclamei de repente, dando uma batinha fraca em seu ombro esquerdo.

- Hum?

- Não se faça de desentendido.

Ele riu alto. Aquilo era muito engraçado vindo dele. Geralmente Seth era sério, mas às vezes tinha aquela estranha risada de que era a pessoa mais feliz do mundo, além dos olhos brilhantes e cheios de vida.

- Acho que isso é um tipo bom de reação – tentei comentar como se não me importasse, apesar de minhas bochechas corarem muito.

- Sério? – perguntou ele, piscando um dos olhos.

Eu queria bater nele.

- Pare de desconversar! Você só está fazendo isso.

- Está certo. É que estou pensando muito.

- Podia colocar os pensamentos em palavras – observei.

- Não... São muito vergonhosos – disse ele, ainda com aquele sorriso maravilhoso nos lábios. Ele olhou para o céu, correu os olhos pelas estrelas, então caiu sentado no chão. Seus olhos encontraram os meus e ele sorriu ainda mais. - Às vezes a felicidade pode custar caro. Um momento de alegria, outro de solidão.

- Mais uma vez você não está expondo de verdade seus pensamentos.

- Será?

Soltei um resmungo irritado. Eu queria saber o que ele pensava tanto.

- Tentei explicar com mais palavras.

- Às vezes me pergunto se é certo tudo o que mais queremos que aconteça acontecer em alguns momentos, porque pode trazer ainda mais solidão e desilusão mais tarde. Uma luz que chega, vai embora de repente. É como a noite que cai, mas sem estrelas.

Pude entender pelo menos um pouco. Não sabia a origem daqueles pensamentos, mas era sempre assim com Seth. Era sempre assim comigo. Nós éramos sempre estranhamente parecidos em momentos e pensamentos aleatórios, principalmente nos tristes e filosóficos. Talvez nos sentíssemos sempre da mesma maneira.

- Acho que entendo isso... Eu estava saindo do meu quarto agora pouco e desejando muito ver você por causa de meu pesadelo, e eis que você estava aqui. Se não estivesse, eu me sentiria ainda mais solitária.

- O mesmo para mim.

- Sério?

- Estava desejando que você aparecesse. Eu queria te ver... Quando vi o céu estrelado, só pensei em você aproveitando esse momento comigo. Eu sei o quanto você também gosta de paisagens bonitas.

- É... – sorri, deixando meu corpo escorregar até eu estar sentada ao seu lado, olhando também para as estrelas.

- Expus pelo menos parte do que eu estava pensando. Feliz agora?

- Acho que sim – respondi com sinceridade, voltando a olhar para ele.

Nossos olhos se encontraram novamente, mas dessa vez, ele não os desviou, nem eu o fiz, porque não havia real necessidade. Era apenas um diálogo mudo, ou uma maneira estranha de dizer o que sentíamos... Apesar de eu ainda não entende-lo. Tudo o que eu conseguia ver era como seus olhos azuis eram os mais lindos que existiam. Conseguia enxergar a beleza de seus sentimentos, como os seus olhos tinham a estranha intensidade do quanto ele se importava comigo. Seu sorriso me traduzia também o quanto aquele momento era especial para ele. Eu não queria nunca desviar o olhar, queria continuar vendo seu sorriso e seus olhos doces, tão cheios de amor.

Ele os fechou de repente e se aproximou de mim. Seus lábios tocaram minha testa e ficaram ali por um tempo. Então ele deitou sua cabeça sobre a minha e, se aquilo já não fosse estranho demais, nossas mãos se encontraram e seus dedos entrelaçaram-se aos meus.

Não preciso dizer qual foi minha reação. Meu coração, minha respiração, meu rosto, meus sentimentos... Eu fiquei confusa. Verdadeiramente confusa. Eu não entendia porque eu gostava tanto quando ele ficava perto. Não entendia porque gostava tanto da sensação de sua mão segurando a minha, ou do modo como seus dedos se encaixavam entre os meus. Era tudo melhor do que um sonho.

Escorreguei minha cabeça para seu ombro e aquilo fez com que sua mão soltasse a minha apenas para envolver meus ombros em um abraço e segurá-la mais uma vez. Um calor inundava meu coração e um sorriso brilhava em meus lábios.

Fiquei observando nossas mãos dadas e não conseguia deixar de sorrir. Eu gostava daquilo. Gostava demais daquilo.

Ficamos assim por muito tempo. Ele não disse mais nada, eu também não disse mais nada. Acabei adormecendo... Acordei no dia seguinte em minha cama e fiquei me perguntando se aquele momento havia realmente acontecido...

Quando desci para o café da manhã, Seth havia saído e, quando voltou, estava meio quieto. Cheguei a conclusão que fora um sonho. Um estranho e maravilhoso sonho. Só descobri anos mais tarde que aquilo realmente acontecera.

domingo, 6 de maio de 2012

Uma luz na escuridão


Este foi um daqueles dias. Um daqueles dias nos quais acordo e não tenho vontade de levantar da cama. Quando percebo que não quero respirar, porque viver é uma incessante luta contra a infelicidade. Difícil descrever, mas nestes dias, a felicidade parece tão distante... É como se eu visse o mundo e não o sentisse. Quisesse acreditar que há uma esperança, mas simplesmente nada mais me trouxesse forças para continuar a caminhada. Uma vontade de largar tudo para trás e de destruir tudo. Um desejo horrível de que meu coração pare. Uma solidão inevitável. Uma vontade de morrer... Uma vontade de sentir dor para que tudo passe.

De repente percebo que estou caindo de novo naquele buraco vazio e sem fundo. Um buraco do qual demorei alguns anos para sair de dentro. Algo como um poço profundo com paredes lisas pelas quais é quase impossível subir. Um lodo negro me mancha o corpo e suga minhas energias. Mesmo que haja uma corda pendurada e pessoas querendo me puxar para fora, é como se ele me sugasse para dentro. Como se fosse impossível de ser curado...

E neste dia, assim como em todos os outros nos quais a tristeza me afunda, eu senti solidão.

Teria ficado de cama o dia inteiro se não fosse por ela.

⎯ Bom dia! ⎯ ouvi sua voz alegre conforme adentrava meu quarto. Alissa já pegara o costume de parar de bater na porta quando eu dormia tempo demais. O que ela não sabia era que, quando eu dormia tempo demais, era porque eu realmente não estava bem... Tive que limpar rapidamente os olhos para que ela não visse as lágrimas que por eles caíam.

⎯ Isso são horas de me acordar? ⎯ tentei fazer uma brincadeira para esconder meus verdadeiros sentimentos.

⎯ Você dorme demais às vezes. Sinto-me sozinha ⎯ murmurou ela, como uma criança. Sempre agia dessa forma de propósito, para chamar minha atenção. Alissa era muita coisa, menos infantil.

⎯ Eu gosto de dormir.

⎯ Eu não ⎯ respondeu ela, e fez uma pausa, parando em minha frente. ⎯ Também não gosto quando você dorme demais.

⎯ Desculpe-me ⎯ foi tudo o que consegui dizer. Eu não estava bem o bastante para dar continuidade com qualquer gracinha. Alissa hesitou por um segundo, depois se sentou ao meu lado na cama e suas mãos foram parar em meus ombros. Eu ainda não podia ver seu rosto direito devido ao escuro. Também duvidava menos ainda que ela pudesse ver o meu.

⎯ Não peça desculpas. Eu só queria...

Estar perto de você.

Meu coração palpitou. Fiquei um pouco nervoso com o modo como ele palpitou forte e aceleradamente. Incomodei-me ainda mais com o modo como todo o ar do mundo pareceu insuficiente para meus pulmões. De alguma maneira eu sabia qual era a continuação daquela frase... Eu queria ouvi-la. Eu queria ouvi-la mais do que tudo. Eu precisava ouvi-la.

⎯ Queria o que...?

Ela soltou uma onomatopeia fofa e estranha e de repente seu rosto estava escondido em meu peito. Seus braços envolveram meu corpo e ela se deitou ao meu lado na cama. Senti o seu cheiro adocicado de shampoo e uma estranha característica própria que eu jamais saberia descrever. A mistura era com certeza o melhor cheiro de todo o planeta.

Minha solidão se dissolveu e meu coração se aqueceu. Foi como se cada centímetro de meu ser fosse inundado de calor. Como se o sol tivesse acabado de nascer em meu mundo.

Como se o sol tivesse acabado de nascer em meu mundo.

O sol sempre nascia quando ela estava ao meu lado.

Uma tela surgiu a minha frente. Um nascer do sol maravilhoso no horizonte, repleto de árvores baixas, um garoto e uma garota sentados de mãos dadas. Ela com a cabeça em seus ombros, ele com a cabeça sobre a sua. O par perfeito. Um amor perfeito. O amor que eu sentia por ela.

⎯ Você me parece tão abatido às vezes! Não sei o que eu faço.

Fui tomado por surpresa. Ela percebera?

⎯ Como... assim? ⎯ foi tudo o que consegui dizer.

⎯ Por favor, pare de esconder. Você sabe do que falo. Eu sei... Por mais que acredite que você tem um lado feliz e contente, sei o que está escondendo. Sei de tudo.

Eu não conseguia responder nada. Meus braços envolveram seu corpo pequeno e frágil. Como minha Alissa havia descoberto tudo? Quando?

⎯ Eu já vi várias vezes. Sempre me empenho. Quero vê-lo feliz. Hoje... Hoje estou com medo. Hoje estou triste também. Ansiosa. E sua ansiedade... É pior do que tudo. Quero vê-lo feliz.

Se fosse assim tão fácil...

⎯ Eu gosto muito de você, Seth. ⎯ disse ela de repente, tão tímida quanto uma criança.

E com aquelas simples palavras, a solidão foi embora.

Foi naquele pequeno e brilhante momento que eu percebi. A felicidade era sim fácil. A felicidade estava ali. A felicidade estava naquele momento em que ela me procurava, me abraçava, se preocupava comigo. A felicidade estava nela, meu dia claro. Minha noite que ia embora. O sol que nascia em meu coração. Foi então que soube a intensidade daquilo. O poder daquele amor em mim.

Alissa havia se tornado muito mais do que a pessoa pela qual eu me apaixonara. Ela era minha luz. Uma luz frágil e bela, assim como a lua que, apesar de todo o medo que eu sentia, eu sabia que tinha um brilho mais frágil, às vezes se escondendo, ficando menor. Alissa era assim, frágil em meus braços, como uma lua nova, porém uma lua cheia com seu sorriso e sua maneira de me fazer feliz. Ela era a luz da lua. A luz da lua sem seu caráter assustador. O maravilhoso. Ela era a luz que fazia o sol nascer em meu coração. E de súbito, eu soube que era fácil ser feliz. Minha felicidade era ver o seu sorriso. Era tê-la em meus braços. Era amá-la.

⎯ Obrigado. Obrigado por se importar comigo ⎯ eu disse, tendo que fazer um esforço sobrenatural para segurar as lágrimas de felicidade que apareciam em meus olhos. Odiava chorar na frente dos outros, ainda mais se fossem lágrimas de emoção.

⎯ Sempre vou, Seth. Sempre... ⎯ disse ela com timidez.

Eu dei um beijo em sua testa e afastei os cabelos de seu rosto. Realmente era simples... A felicidade nunca pareceu mais simples. A felicidade finalmente havia ganhado forma própria e ela tinham um nome: Alissa. Minha amada e preciosa Alissa.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O que é amor


Entrevistado nº1: Para mim amor é aquele sentimento doce e gentil. Amor é proteger, é querer tê-lo sempre ao meu lado. Amor é fazê-lo feliz, é ficar feliz quando ele está por perto. Amor é não me importar com o que irá acontecer comigo mesma, desde que ele esteja seguro. É aquele momento no qual nossos olhos se encontram e meu coração se aquece. Quando eu sinto fraqueza nos braços e nas pernas, quando eu quero viver e ser feliz. Quando o mundo tem sua cor própria. Quando eu o vejo e mesmo a maior das tempestades se transformam em um dia ensolarado. Tudo isso porque ele é meu sol, seus olhos são meu céu. Ele é maravilhoso, ele é aquele que eu admiro porque tem o coração mais reluzente que diamante. É aquele momento no qual ele sorri para mim e eu daria minha vida por mais um de seus sorrisos. Sim. Isso é tudo o que mais importa. O sorriso dele... O sorriso de meu amado. A felicidade de meu amado. Mesmo em minha infelicidade, sei que sua felicidade me faz viver, por isso sei que o amo. Sei que o amo porque mesmo que eu fosse infeliz, sorriria ao ver sua felicidade.

Entrevistado nº2: Amor é o que eu sinto por ela. É por este sentimento que eu decidi viver. É o sentimento que faz o Sol ser Sol, que faz a Lua não ser tão assustadora. É o sentimento que trás alegria, que me faz esquecer das tristezas. É o dia triste no qual eu percebo que em seus olhos encontrei a felicidade. Não quero que ela seja minha felicidade, mas simplesmente é, porque é natural. Tê-la ao meu lado é o natural, como se eu tivesse nascido para encontra-la. Como se o mundo só existisse a partir do momento em que a encontrei. Ela é minha inspiração, minhas cores vivas, minha vontade de ser feliz, de viver, de protege-la. Mesmo quando não tenho forças para viver, eu sei que devo protege-la e isso me mantém em pé. Tanto faz as dores, tanto faz as tristezas, eu tenho a ela. Minha felicidade está concentrada nela. Às vezes a vida simplesmente diz: "Desista" e quando eu penso que acabou, eu vejo a preocupação em seus olhos, seu olhar doce e gentil que me diz que eu devo viver. Eu sei que eu quero abraça-la, estar pra sempre ao seu lado. Eu sei que eu quero viver, apenas para estar ao lado dela, apenas para vê-la. O que seria uma vida inteira longe dela? Uma solidão tremenda! Se morrer significa não tê-la, isso é tudo o que não quero. Tenho medo de fazê-la triste, porque sei que sou infeliz. Não quero apagar a luz de meu viver que é ela! E no mundo inteiro, onde eu desejaria que o mundo corresse atrás de mim para que eu fosse feliz, eu a desejo distante, porque quero que ela esteja a salvo do que eu sou. Quero que ela seja feliz independente de minha tristeza e solidão. Ela merece muito mais do que eu, porque a admiro e ela salvou minha vida. Sim, ela salvou minha felicidade, minha salvadora, minha única maneira de encontrar a luz... Ela é o amor para mim.

Entrevistado nº3: Em meus conceitos o amor é supervalorizado. Para que amar tanto? Não vou dizer que não amo. Eu amo. Gosto demais. Quero sempre ter aquele idiota ao meu lado... Mas não quero sentir algo que faz minha vida inteira estar concentrada nele. Faz sentindo? As pessoas traem. As pessoas machucam. As pessoas fazem as outras serem infelizes... Mas ele... Não, ele não faz. Ele é uma existência clara que traz felicidade a um dia frio. Sim, ele trás... Ah. Não quero dizer que sinto isso! Amor é gostar de alguém, ser feliz com essa pessoa. É perceber que mais ninguém no mundo é aquela pessoa. É sentir algo especial, mais forte. Confiar quando tudo no mundo diz para que você desconfie. É querer trazer felicidade, mesmo que você não esteja feliz. Não sei muito bem se entendo esse sentimento, não gosto de pensar nele. Não sou lá tão sentimental assim, mas não quer dizer que eu não ame. É. Acho que é. Amor é isso. E não conte a ninguém o meu nome!

Entrevistado nº 4: Amor é tudo o que mais me importa. Antes eu acreditava que não, mas agora... Sim. É aquele sorriso que ela tem no rosto. Aquele ardor em meu coração que só ela me faz sentir. É não conseguir odiar mesmo quando tudo no mundo te diz para odiar. É perdoar mesmo os maiores absurdos. É querer ter aquela pessoa ao seu lado. É precisar dela para ser alguém melhor, é precisar dela para ser feliz. É querer vê-la feliz, sorrindo para mim. É precisar de seus sorrisos. É precisar dela. É confiar. Amor é algo que só pode se sentir privilegiadas vezes na vida, porque não é simples, jamais vai ser simples. Um sentimento que surge quando você menos espera. Aquela pessoa que aparece para você ser feliz, quando você não espera. Ela foi minha chama de viver. Tenho medo de perde-la, odeio imaginar que alguém possa tirá-la de mim. Por isso eu luto, porque quero tê-la. Posso perde-la, mas o amor me faz nunca querer desistir. Porque meu coração é outro ao seu lado, ela me faz querer mudar. Ela muda a minha vida. Amor é algo complexo demais para definir. Passaria minha vida inteira tentando. Mas ao mesmo tempo em que definir é difícil, sentir é simples. É só aquilo que vejo nela... Simplesmente... Simplesmente seus olhos. Simplesmente seu sorriso. Simplesmente sua maneira de agir e sua luz própria. Ela... Só isso.

Entrevistado nº5: Amor é uma graça de Deus em nossas vidas. É encontrar a pessoa que te fará feliz e que será feliz ao seu lado. É dar e receber. É viver e enfrentar os desafios, sempre juntos. É brigar e fazer as pazes. É entender um ao outro. É querer passar o resto de suas vidas juntos. É a união divina, o sentimento terreno que nos aproxima do Senhor. Como seria possível sentir amor se Ele não existisse? Eu acredito que esse sentimento só seja possível com a graça Dele. Amor não é simples e é muito lindo para ser terreno. É por esse motivo que desejo que todos no mundo amem. Que todos no mundo encontrem aqueles que viverão para sempre com e os farão felizes. É por isso que tento fazer os outros felizes. É por isso que dou minha vida não só por aquele que eu amo, mas por aqueles que eu amo como família. Amor se estende longe. Amor não é simplesmente para a pessoa amada... Eu sei que esse não é o intuito da pergunta. Desviei-me, mas é que quando falam de Amor, penso também no que sinto por minha família, tanto a sanguínea, quanto aqueles que eu vejo como família. É o sentimento mais maravilhoso e que vem de Deus. Isso é o que é Amor para mim.

Introdução

Queria resumir em poucas linhas o que foi e ainda é minha história. Fazer uma introdução. Mas não seria ela muito complexa para ser colocada aqui em menos de 100 páginas? Uma pequena introdução para algo que vivi nos últimos duzentos anos? Se é que quem se importaria? Quem se importaria com a vida de alguém tão problemático que passou a vida inteira tentando esconder seus desejos, mascarando sua própria alma e lutando contra suas milhares de personalidades interiores.

Talvez, se eu tivesse que resumir minha vida, entraria num paradoxo com as duas palavras: amor e ódio. Quem sabe com um acréscimo de poder? Uma vida inteira entre os conflitos de meu coração e de meu orgulho. Um conflito onde o ódio prevaleceu. Sempre prevaleceu e, conciliado ao orgulho, encheu minha vida de frutos(negativos): seguidores, pessoas aos meus pés e que jamais deixariam de cumprir minhas ordens, além da conquista de tudo o que eu quisesse. Todos me temiam. A vida onde o amor não faz diferença, pois sequer é capaz de chegar. O amor é simplesmente menosprezado, pois não precisa ser sentido e não deve ser sentido. Em outras palavras: o mundo da minha perdição. Um lugar onde algum dia eu quase me afoguei, sendo salvo por um triz. Um triz da luz da única pessoa que eu amei de verdade. A única que existiu para mim. Se exagero? Podem até ter existido mais, porém em tempos distantes há tanto tempo esquecidos( será?). No entanto, nem assim pude escapar. Se eu pudesse voltar, se eu pudesse destruir algo que ainda guardo em meu interior, sofrendo por uma escuridão que jamais vai embora, eu teria escolhido amar. Se eu pudesse entregar-me a isso, não teria que escrever essa introdução sobre tudo o que perdi. Tê-la em meus braços agora seria muito melhor do que ter que desabafar com um folha amarela e que eu gostaria de amassar neste exato momento por já deter sobre mim muito mais do que qualquer pessoa no mundo já deteve. ... Não dizer nada sobre minha alma... Esse é o meu desejo. Meu maior desejo é que jamais saibam... Ah. Mas ela sabia. Ela sabia demais, apesar de eu sempre ter tentando guardar uma parte. Ela sabia praticamente tudo sem que eu precisasse dizer, porque ela queria me entender. Ela queria me ajudar... E não me amava.

Como a única pessoa no mundo que queria me entender nunca me amou? Eu queria entender. Queria obsessivamente entender. Queria desesperadamente entender as pessoas! Porque quem sabe se eu soubesse o que se passa no coração delas eu encontraria o reflexo de mim mesmo? Quem sabe nos outros estariam escondidos as implicações de qualquer uma de minhas decisões? Viver não tem manual e isso me intriga. Quero um livro que diga as informações que necessito, mas por mais que eu folheie e procure, onde está escrito? Onde está escrito a continuação de minha história? Onde estaria escrito os sentimentos dela? Onde estaria escrito os passos necessários a andar para que eu a tivesse? E para que eu fosse o mais poderoso? E para que essa dor e esse ódio deixassem de me consumir? Para que eu perdesse isso que enegrece meu coração? E para que todos me respeitassem? Eu queria, não sei mais. Não sei mais o que fazer para viver. Dessa maneira...

Cansei. Viver... O que é viver? Uma mera ilusão. Uma mera ilusão de minha mente perturbada. Não sei sequer se estou vivo. Para que? Tanto faz. Quero entender a vida. Ah! Se quero! Os livros pelo menos me ensinam isto. Os milhares de livros em minha biblioteca já me ensinaram muito. Quando não sei mais o que fazer? Leio-os e entendo o mundo. Esqueço as frustrações. Através do conhecimento esqueço o que me mata. Esqueço os sentimentos que me sufocam. Através da racionalidade... Se é que a tenho. Será que a tenho? Para alguém que escreve palavras como estas em um papel? Será que existe tal racionalidade capaz de me fazer esquecer dos sentimentos? Um ser tão obcecado é capaz de ser racional? Manipulador. Conhecimento pode me tornar um manipulador. Também não sei. Conhecimento me faz melhor do que os outros... Será? Ela não me amou por isso. Não me ama até hoje por isso. E quem é ele? O garoto que ela ama? Tão ingênuo. Eu seria melhor. Seria muito melhor... Mas amor não se compra. Como eu compraria? Queria que sentimento fossem possíveis de se vender, de se apagar, de se destruir quando se deseja. Mas esse amor que come meu coração e queima todos os meus pensamentos não é vendível, não é comprável, não é esquecível. Simplesmente existe, machuca, me faz querer sufocar-me. Faz querer destruir-me...

E para onde foi a introdução? Ah. Eu acredito que isto foi a melhor que eu poderia ter feito. Porque é a introdução do que é minha alma. Quem a entende? Nem eu! Porque não está em livros, não está no mundo, não esta sequer nesta folha de papel amarelada. Está em um canto isolado de minha existência que eu mesmo jamais atingirei. Está escondida, mascarada. A introdução que, por mais que alguém a procure, jamais encontrarei. Por mais que eu mesmo a deseje, estará para sempre apagada, borrada, escondida num mundo que nem os sonhos jamais alcançarão.

Ass.: ....

(Pedaço de papel encontrado dentro do lixo. O nome não estava assinado)